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Opinião: Caixa reconhece erro e divulga estado do ganhador da Mega-Sena

15/05/2019

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A Caixa abusou do ditado popular “não existe nada tão ruim, que não possa ficar pior” no caso da divulgação da origem da aposta vencedora do prêmio de R$ 289 milhões da Mega-Sena sorteada no último sábado (11).

Como o vencedor registrou a aposta pelo aplicativo do internet banking, reservado a clientes que têm conta bancária na Caixa, não foi possível identificar o apostador pelo fato do sistema não está integrado ao da Loteria Online. Surpreendida, a Caixa informou que o município do novo milionário só seria conhecido quando o prêmio fosse retirado em uma agência bancária.

Na segunda-feira, a Caixa decidiu complicar e informou que por questões de segurança do cliente e de sigilo bancário, o banco não revelaria a agência, o estado e a cidade do apostador. “O banco informa que por questões de segurança do cliente e de sigilo bancário, esses são todos os dados que serão divulgados”, diz a nota que confirma que o prêmio já tinha sido retirado pelo vencedor.

A decisão provocou uma onda de comentários negativos sobre transparência do processo de apuração, sorteio e possíveis falcatruas na Mega-Sena na internet e caiu como uma bomba na Rede Lotérica.

Um lotérico comentou com o BNL que a “quando uma aposta é registrada numa casa lotérica, habitualmente e há anos, a Caixa divulga a cidade e o estado onde a aposta foi realizada. Isso é possível, pois em cada aposta impressa tem o código Caixa da lotérica.  A probabilidade de o apostador ser morador da cidade publicada é grande, salvo nos pouquíssimos casos onde a pessoa está de passagem pela cidade ou está ali hospedada de férias ou a negócio.  O tal sigilo que a Caixa diz preservar, atinge então uma pequena parcela da população da cidade publicada, que em tese não é moradora. No canal eletrônico, é possível saber a cidade e estado do apostador, pelas informações constantes no seu cadastro, o que não quebra o sigilo da sua identidade”.

Ainda segundo o empresário, o fato ocorrido vai ter com certeza um impacto profundo na credibilidade das Loterias Caixa. “A Caixa mal sabe cuidar do que temos hoje e está dando prioridade total ao canal eletrônico, onde é salto aos olhos o uso da divulgação do site nos canais da internet, em seu site oficial e até em matérias na TV, como aquela veiculada pelo no Jornal da Globo da última sexta-feira (10), exclusivamente tratando das vantagens do canal eletrônico”.

Febralot solicita divulgação

O presidente da Febralot, Jodismar Amaro enviou na tarde desta terça-feira (14) um ofício para o presidente da Caixa, Pedro Guimarães solicitando que o banco divulgasse a origem da aposta vencedora.

Serve este para levar ao conhecimento de Vossa Senhoria, nossa  preocupação, enquanto representantes legais das empresas lotéricas de todo o Brasil, a falta de divulgação da Cidade do ganhador da Mega-Sena cujo sorteio foi realizado no último dia 11 de maio de 2019, e sob o argumento de que a falta de divulgação seria por questões de preservação da segurança do apostador e sigilo bancário.

É usual e notório que em todos os sorteios são divulgados os nomes das Cidades do ganhador e isso é necessário, posto que mesmo sendo a aposta pela internet, é um serviço público, e esse, pela lei da transparência tem o direito de ter a divulgação a respeito.

Esta decisão da CAIXA de não divulgar o Estado e a Cidade, acarretam indesejável desconfiança do serviço público de loterias, o que precisamos evitar, para a preservação do bom nome da CAIXA, do sistema e da Rede Lotérica.

A divulgação tanto da cidade quanto do Estado do ganhador da Mega-Sena sempre foi feita pela CAIXA nos jogos físicos, não podendo agora que se tem apostas feitas pela internet mudar essa prática.

É sabido que a CAIXA na condição de empresa pública sujeita-se às normas que exigem a cultura de transparência e publicidade em suas ações, especialmente, para não ser questionada a lisura com que seus atos são praticados, a exemplo da Lei nº 12.527/2011 c/c art. 37 da Constituição Federal.

Apesar de constar na legislação vigente a necessidade de se preservar a integridade de dados e informações dos clientes/apostadores, este claramente não é o caso, pois a mera divulgação da cidade e Estado do apostador não coloca em risco a segurança do cliente e o seu sigilo bancário.

De maneira que é o presente para, na qualidade de Entidade de Grau Superior, legitima representante da categoria dos empresários lotéricos, requerer seja divulgada a Cidade e o Estado em que foi feita a aposta pelo ganhador da Mega-Sena sorteado no último dia 11 de maio de 2019, e não só deste sorteio mas dos de todos os que advirem, como medida de verdadeira transparência e contribuição para se manter a credibilidade deste produto, da CAIXA e de toda Rede Lotérica.

Por todo o exposto, entendemos não haver motivos plausíveis para que não seja feita a divulgação de localidade do ganhador, já que há anos assim sempre foi feito por essa empresa pública.

Frente Lotérica

Até a Frente Parlamentar em Defesa dos Lotéricos da Câmara dos Deputados encaminhou ofício para o presidente da Caixa solicitando a divulgação da origem da aposta na Mega-Sena sorteada no último sábado.

Depois de avaliar o equívoco, para não dizer erro grosseiro, a Caixa decidiu divulgar que “considerando o compromisso com o sigilo e segurança do ganhador, a CAIXA se limita a informar que o ganhador do concurso 2.150 da Mega-Sena é do estado de Pernambuco”.

Riscos a credibilidade

Confesso que é difícil entender o critério de “compromisso com o sigilo e segurança do ganhador” adotado pelo banco depois de 58 anos de Loterias Caixa. Apostas ganhadoras na rede física revela-se a origem do ganhador e no meio virtual é segredo. Além disso, sabemos que não tem amadores trabalhando nesta atividade nas Loterias Caixa e impressiona a capacidade de colocar em risco o maior ativo de uma loteria: a credibilidade.

O amadorismo com que foi tratado o tema nas últimas horas provocou uma intensa discussão sobre o comportamento da área de loterias da Caixa. Inclusive, com grande preocupação de contaminação desta atividade ao omitir informações básicas sobre o ganhador.

“Isso é elementar. O ganhador da Mega-Sena milionária reside no município tal, a aposta foi registrada no dia tal, às tantas horas. Só isso já resolveria, sem comprometer o sigilo bancário de ninguém”, comentou com o BNL um especialista no tema, que ainda completou “como a Caixa faz há dezenas de anos”.

São eventos como este que nos ajudam a entender o motivo de o Jogo Bicho estar em operação há 127 anos no país.  Em loteria e sorteio vale o ditado da mulher de César “não basta ser honesta, tem que parecer honesta…”