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Família Bolsonaro recoloca cassinos na pauta de debates

28/09/2020

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Segundo a presidente executiva da Resorts Brasil, Ana Biselli Aidar, os associados têm interesses difusos no tema, mas ninguém que ter chances restringidas (Foto: Arquivo pessoal)

 

Saiu no Antagonista outro dia essa manchete: “Eduardo Bolsonaro entra em campo para a liberação dos cassinos no Brasil”. Segundo a reportagem, o deputado se reuniu com o senador Irajá (PSD) e Gilson Machado, presidente da Embratur. Em pauta, o Projeto de Lei N° 4495/2020, apresentado pelo primeiro e que prevê a liberação da jogatina em resorts.

A matéria insinua que a família do presidente (com o próprio incluído) é mesmo entusiasta da proposta. Tanto é que cita reportagem anterior, na qual destaca viagem de outro filho de Bolsonaro (Flávio) até os EUA. Ao lado de Irajá, “passaram oito dias em Miami e em Las Vegas, justamente tratando da possibilidade de legalizar os cassinos no Brasil”.

De fato, a pauta é antiga e já foi alvo de reportagens do Hotelier News em diferentes momentos. No turismo, o interesse é evidente. Agora, com o aparente endosso bolsonarista à causa, o jogo ganha cara nova. Certo é que o tema ainda enfrenta grande resistência em Brasília, principalmente entre parlamentares conservadores.

“E isso se traduz em esforço da base governista para votá-lo com chances de aprovação”, destaca Alexandre Sampaio. “Hoje, não existe clima para colocar na pauta de votação, ainda mais em um ambiente de Reforma Tributária. Já mais próximo das eleições presidenciais…”, acrescenta o presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação).

Cassinos e os próximos passos

Presidente executiva da Resorts Brasil, Ana Biselli Aidar concorda com a análise de Sampaio sobre as resistências. Ainda assim, vê ambiente político para votar a questão, talvez no ano que vem. “Com a recente movimentação do senador Irajá, estamos nos aprofundando novamente sobre a pauta. Nossos esforços estão ainda totalmente voltados para a pandemia, mas devemos nos reunir com ele em breve. Queremos também dividir isso com as demais entidades do G8”, revela.

De acordo com Ana, há visões difusas entre os associados em relação à pauta. “Percebemos que nem todos têm interesse. Ao mesmo tempo, ninguém quer que a lei restrinja a possibilidade deles participarem”, explica. “A maior preocupação é que uma atividade como essa seja entregue a investidores estrangeiros de bandeja”, completa.

Fato é que, afora as necessárias articulações políticas, a participação estrangeira é vital para o sucesso da empreitada. Afinal, o empresariado brasileiro tem pouca (ou nenhuma) expertise na operação de cassinos. “No curto prazo, e em princípio, o interesse é administrar os resorts onde seriam instalados esses equipamentos. É o que nossos associados fazem melhor”, afirma a liderança da Resorts Brasil.

Agora, com o aparente endosso da família do presidente, as cartas estão literalmente na mesa. Com a popularidade reforçada, será que Bolsonaro vai encampar definitivamente o projeto? Será que ele topará usar seu capital político para aprová-lo mesmo diante da resistência da (parceira) base evangélica?

Bem, a estratégia de colocar os filhos na linha de frente parece acertada. Por meio dela, poderá aferir o tamanho da resistência relacionada ao assunto no Congresso, tudo isso sem arriscar seu capital político. Ficaremos atentos para ver as cenas dos próximos capítulos, mas tudo passará pelo seu (até o momento bom) relacionamento com o Centrão. (Hotelier News – Vinicius Medeiros)